terça-feira, 21 de setembro de 2010

Turbilhão Inesperado

Tenho uma vida bastante tumultuada, são tantas coisas e tão pouco tempo. Mas quero falar mesmo é sobre o Rugby, sobre o estilo de vida Rugby de ser e tudo que eu sempre quis viver Rugby, dentro e fora de campo. Iniciei falando de minha vida corrida por que embora eu tenha aprendido muito neste meio, nos treinamentos, com nossos professores e com os jogadores sempre apoiando, com e sem “la pelota ovalada”, não consegui viver tudo o que o Rugby me proporcionou. Não vou culpar minha vida, as poucas vinte e quatro horas diárias que tenho para suprir todas as minhas necessidades de sobrevivência e lazer, me culpo pelas escolhas que me afastaram disso tudo e das oportunidades que deixei pra trás. Mas não me arrependo do caminho que segui, pois tudo o que vivi até hoje, dentro e fora do meio, acertando ou não, serviu como aprendizado, afinal de contas, até mesmo os piores erros nos ensinam alguma lição.

Uma vez tentava explicar o Rugby citando uma cópia americana do esporte, mas logo percebi que não faz sentido algum comparar algo que para mim se tornou incomparável. Rugby é família, amizade, companheirismo, disciplina, saúde, maturidade e tantas outras... cerveja, bagunça e cantoria. Que outro esporte lhe proporciona tantos ensinamentos, tanta agilidade e tantas histórias pra contar, que você pode levar pra casa e usar como exemplo no seu dia a dia? Porém, aos meus dezesseis anos não sabia explicar nada disso, só queria saber de extravasar meus hormônios com tackles duros, dribles desconcertantes e cabeçadas aleatórias. Andava por aí com camisetas costuradas e a bola de baixo do braço, sem saber o que, inconscientemente, já estava acrescentando para o resto de minha vida. Com o tempo fui me moldando, equilibrando minhas ações e mensurando minhas lições.

Ontem (16/09) aconteceu algo que nunca havia imaginado vivenciar e apesar de ter motivos para criticar atitudes e argumentar sobre a necessidade de minhas palavras, só consigo culpar a mim mesmo, pelas minhas próprias atitudes e por não ter conseguido agir de forma diferente. Peço desculpa ao clube e a todos que não entenderam os motivos de minha revolta. Não sou um bom tutor e muitas vezes não consigo expor minhas idéias de excelência no que diz respeito ao comportamento de um rugbier. Só quero lembrar a todos que nosso esporte exige muita técnica e dedicação para absorvermos os mais duros impactos, sem poder gritar, xingar ou responder com atos fora do contexto. No campo, nossas vitórias individuais e coletivas refletem a disciplina e a responsabilidade adquirida nos treinos. Tem uma frase que consegue definir muito bem nosso esporte: “Um jogo de brutos, jogado por cavalheiros.”

O Costão Norte é um time jovem e cheio de garra, que me surpreendeu demonstrando raça e muita determinação, inclusive no último torneio. Torço para que todos evoluam com sucesso e com muita atitude, como atletas e cidadãos. Muitas vezes o professor não estará junto para indicar o melhor caminho, no treino ou fora dele, e nessas horas, talvez um touch tenha maior retorno e valor do que um jogo desregrado. Não esqueçam que habilidades como estas sem a orientação de um tutor, podem ser perigosas. Ainda não há um campo, mas jogadores e pessoas com um ideal em comum são o suficiente para um futuro de sucesso.

(...) Quem apóia?

“Um dia decidi jogar Rugby, no outro decidi viver Rugby.”

Luiz Felipe, 17/09/2010

Um comentário:

Carine disse...

o que aconteceu?
Chama-se de "Professor" e não "Treinador"?
Aprendi algumas coisas sobre esportes e treinadores/professores, nos últimos anos de minha vida... Em um primeiro momento, eu diria: Não acho que confundir a vida cotidiana com o esporte seja uma boa idéia. Podem haver semelhanças, mas há coisas que devemos saber separar. A vida não é uma competição e nem sempre vence o melhor! Enfim, também não sei exatamente ao que vc se refere, mas é o que eu acho e vc sabe por quê!!
De qquer maneira, no campo ou na vida: vc é um vencedor!!